Espiritualidade na liderança: Benefícios psicológicos e impacto no ambiente corporativo

Denise Maidanchen, Diretora da Quanta Previdencia Cooperativa, Diretora do ICSS (Instituto de Certificação Profissional) e Presidente do Lide Mulher SC.

Dias atrás, dei uma palestra sobre como equilibrar gestão humanizada e alta performance. Ao final, uma pergunta feita me deixou reflexiva por dias: “A espiritualidade pode influenciar líderes e negócios?”

Eu sempre tive a crença por experiência propria que sim, mas na hora não tinha uma resposta adequadamente embasada, pois bem, com algumas pesquisas agora posso me expressar de forma mais consistente.

O ambiente corporativo moderno enfrenta desafios sem precedentes em termos de saúde mental e engajamento dos colaboradores. Estudos indicam que até 85% dos empregados em todo o mundo estão desengajados com seu trabalho, segundo o Gallup’s State of the Global Workplace (2021). Adicionalmente, a pandemia exacerbou problemas de saúde mental, tornando a resiliência emocional e o bem-estar psicológico prioridades nas agendas de liderança.

A espiritualidade, desvinculada de dogmas religiosos e entendida como uma conexão com valores profundos e propósitos maiores, pode ser um alicerce para enfrentar esses desafios. De acordo com uma pesquisa da American Psychological Association, práticas espirituais podem reduzir o estresse e promover uma maior satisfação no trabalho. Isso ocorre porque tais práticas ajudam na formação de uma perspectiva mais ampla da vida e do trabalho, incentivando uma visão integrada de bem-estar.

Líderes que cultivam a espiritualidade demonstram, muitas vezes, maior capacidade de empatia e comunicação, essenciais para a liderança no cenário atual. Um estudo publicado no Journal of Management, Spirituality & Religion (2019) sugere que líderes espiritualizados tendem a ser mais conscientes e éticos em suas decisões, o que favorece ambientes de trabalho mais justos e inclusivos.

A espiritualidade também pode favorecer a inovação. Líderes que praticam a reflexão espiritual estão mais abertos a novas ideias e diferentes perspectivas, crucial para a inovação contínua necessária em ambientes VUCA – significa originalmente volatile, uncertain, complex e ambiguous; em português, volátil, incerto, complexo e ambíguo- e BANI – significa originalmente brittle, anxious, non-linear, incomprehensible; em português, frágil, ansioso, não linear e incompreensível. Essa abertura pode transformar a cultura organizacional, promovendo um ambiente que valoriza a colaboração e a criatividade.

Para os colaboradores, a integração da espiritualidade no local de trabalho pode significar melhor saúde mental e maior engajamento. Práticas como meditação, mindfulness e momentos de reflexão podem ajudar a mitigar o estresse e aumentar a concentração e a satisfação no trabalho. A empresa Salesforce, por exemplo, implementou “zonas de meditação” em seus escritórios, observando um aumento na satisfação dos empregados e uma melhoria na sua produtividade.

Portanto, ao incorporar a espiritualidade nas práticas de liderança, os líderes podem melhorar o bem-estar de seus times e também fomentar um ambiente que suporta o crescimento contínuo e sustentável dos negócios. A espiritualidade, longe de ser um conceito abstrato, pode ser uma estratégia concreta para desenvolver a resiliência organizacional e a inovação necessária para prosperar em um mundo em constante transformação.